Knights of the Zodiac não é Saint Seiya? Ou seria? - A Coluna do Velho Geek

Knights of the Zodiac está longe de ser uma grande adaptação de mangá, ou mesmo uma grande animação. Mas há de se considerar todos os prós e contras antes de enchermos a internet com comentários do tipo: “Ain esse anime é muito Nutela”, “O antigo era mais fiél.” “Nossa cagaram com os personagens”. “Adaptação lixo, não tem nada a ver com o anime original, que era perfeito.”

  

A nova animação da Netflix em parceria com a Toei, chegou despertando críticas calorosas por grande parte da audiência, tanto boas quanto ruins. Além, claro, de uma enorme onda de Hate por parte de fãs saudosistas do anime dos anos 80. Porém, vale salientar que a nova animação visa atingir um novo público alvo, crianças e pré adolescentes americanos, e também tenta, de forma discreta, agradar os fãs antigos ( ou vocês acharam que a Netflix pensou: “Nossa, tem um bando de marmanjo no Brasil que gosta destas paradas do zodíaco”?).

Muitos pontos foram levantados por vários fãs nas redes sociais, alguns bem fundamentados, outros nem tanto. Na grande maioria das vezes era mais o coração e o saudosismo falando do que a razão. Hoje, trago dois pontos que foram muito levantados e aqui tentarei debatê-los com vocês.

   

A mudança de sexo/gênero de Shun.

De longe a mudança que mais despertou o ódio do fandom (mesmo antes do lançamento), no fim das contas nem fez tanta diferença, pois continua sendo o mesmo personagem, com os mesmos princípios e a mesma história (pelo menos do que foi mostrado até agora). Muito se falou sobre representatividade ou preconceito, mas, realmente para o atual mercado e público alvo da animação, seria desejável uma personagem feminina entre os protagonistas. Por isso os criadores fizeram esta escolha, só que Shun sempre foi um personagem que apesar de muito forte, em vários momentos dependia da ajuda de seu irmão Ikki, o que na nova animação pode trazer um certo conceito de "donzela em perigo", caso sejam adaptados alguns momentos do anime original.

Confesso que essa mudança não afetou em nada o personagem, mas seria muito mais interessante vermos uma versão feminina de Ikki ou do Yoga, o primeiro principalmente (seria uma versão cavaleira da General Armstrong). 

A dublagem brasileira sim, me causou uma certa estranheza, pois estamos acostumados a ouvir a voz de Úrsula Bezerra, que é uma excelente dubladora, em personagens masculinos e que ainda estão em nossa memória afetiva como Goku e Naruto. Com isso ouvir uma personagem com esta voz ficou meio estranho, pelo menos para este que escreve.

O anime "clássico" era perfeito.

Não. Por mais que eu adore o anime original(detesto a forma como usam o termo "clássico"), que ele tenha feito parte de minha infância e que tenha sido um dos grandes responsáveis pelo meu gosto por animes, ele também está longe de ser uma obra prima. Principalmente se comparado ao mangá, que também tem suas falhas. Claro que o anime original era muito mais dramático, tinha mais violência, litros e litros de sangue (ênfase nos “litros”) e fazia com que nos importassem os com os personagens. Mas volto a lembrá-los, Knights of the Zodiac não tem como público alvo trintões que tinham como babás a TV dos anos ‘80 e ‘90 com seus brucutus a prova de balas. Não que não podemos aproveitar e talvez curtir. Mas não podemos assistir com a cabeça focada na animação original.

Mas aí vai vir um assim: “Ain Velho, o sobrinho de um amigo meu assistiu e não gostou. Eu não vou apresentar isso para meus filhos, vou apresentar a série clássica”. Tudo bem, existem várias opiniões e gostos, mas o fato aqui é, a grande maioria das crianças que assistirem a série( sem um marmanjo reclamando ao lado) podem gostar, é tudo colorido e mais simples de digerir, como o que essa meninada tá acostumada. É só olhar o padrão dos desenhos atuais voltado para esse público.

   

Mas voltando ao tópico, tanto o anime "clássico" quanto a nova animação, estão bem diferentes do mangá original, mas cada um ao seu modo tem seus próprios méritos e deméritos, falhas e acertos. Nenhuma obra será perfeita, pois sempre haverá quem goste e quem não goste. E isso que é o bacana. Do contrário seríamos apenas máquinas padronizadas, fadadas a engolir o que nos é empurrado(com o enlatados de USA, de nove às seis…).

   

Ah Velho, você deve ter adorado a animação pra defender assim.

Não, confesso que não gostei tanto assim. Há muito a ser melhorado(torcendo aqui), mas quando assisti, fui com a mente aberta e já ciente do que iria encontrar, assim como fiz com Soul of Gold e Saintia Sho, os quais também são muito criticados pelo fandom.

  

Em vários momentos de Knights of the Zodiac a história é divertida e nos faz rir(e não, não estou falando daquela tampa de bueiro). A forma como os cavaleiros acessam suas armaduras, o santuário oculto, são pontos que trazem mais magia, por assim dizer, à história. Há também algumas referências ao mangá. A cena final realmente me deixou curioso para a segunda temporada. Mas é claro que algumas coisas me desagradaram, como a animação que parece datada e inferior à de A Lenda do Santuário(pelo menos não usaram cel shading, credo), muita coisa acontece muito rapidamente e deixa quem não conhece a história meio perdido. A dublagem brasileira nos trás a sensação nostálgica com algumas vozes, mas também nos faz lembrar de momentos do anime original.

   

Em suma, posso dizer que Knights of the Zodiac não é Saint Seiya, mas como uma releitura da obra, para um novo público pode funcionar( o mesmo não podemos falar do filme de Death Note, ai ai). Degustei a série com a sensação de que faltava tempero, mas estou ansioso pela próxima temporada. 

Dê uma chance, afinal são somente 06 episódios. Se não gostar, vida que segue.